segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O caso de Santo André (SP)

O Brasil acompanhou durante 100 horas da semana passada, o passo a passo do mais longo caso de cárcere privado do Estado. O caso passional acabou em tragédia. Uma menina de 15 anos foi morta, outra ficou ferida e o, até então, trabalhador, calmo e honesto Lindemberg, preso em flagrante.

O caso de cárcere privado de Santo André comoveu todo o país. Momentos de tensão, expectativa, esperança e frustração foram acompanhados pela TV por toda a população. Todos esperavam um desfecho positivo, o que não ocorreu.

Na última semana, os olhos de todo o Brasil estiveram voltados para o conjunto habitacional de Santo André, no ABC, onde em um dos apartamentos, Lindemberg Alves, 22, mantinha a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15, e a amiga dela Nayara, reféns.

O crime passional fugiu do controle da polícia, que em virtude da morte da garota Eloá, passou a ser exaustivamente criticada. O assunto já foi muito debatido, mas me sinto na obrigação de também emitir uma opinião.

Acredito que a estratégia da polícia foi falha sim, em alguns pontos. Mas, também acredito que as pessoas que estavam na linha de frente, negociando com um desequilibrado passional – que desde o início tinha planejado a morte da ex-namorada – tinham que arriscar tudo para salvar a vida da menina.

Tem especialista falando que a Swat atiraria em Lindemberg quando ele apareceu na janela, uma das vezes. Outros dizem que jamais Nayara poderia ter retornado ao apartamento. Os mais críticos, apontam inúmeras falhas na ação policial, principalmente quando da ‘demorada’ invasão.

Não sou policial, não entendo de estratégias de negociação com seqüestradores e criminosos passionais, mas acompanho o dia-a-dia da polícia como jornalista. É fato que houve falha, do contrário Eloá estaria viva.

Mas, não dá para crucificar a polícia por tudo. Acho lamentável o desfecho desta história, mas também acredito que foi um ‘tapa na cara’ de quem acredita que as equipes especiais da polícia são à prova de erros. Pois é, estamos muito atrasados, defasados e arrasados.

Nossa polícia é muito despreparada, não tem controle de situações de risco, e não age como deveria. Não foi só Lindemberg que vitimou Eloá, mas também a despreparada polícia paulista. No entanto, não sou eu quem vai atirar mais uma pedra, a tantas que já foram atiradas.

Só espero que este caso sirva de lição, de aprendizado. Que o governo invista mais em treinamentos, que prepare melhor os homens da segurança pública e que equipe a polícia como se deve. Barberagens quando se lida com vidas são inadimissíveis... O resultado está aí: Eloá Cristina Pimentel, 15, morta com um tiro na cabeça, depois de 100 horas de sofrimento!!!

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