terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sem acordo: Polícia Civil entra em greve

Reportagem: Tatyana Montera
Foto: Adriano Polettini


Paralisação é resultado de negociação
frustrada com o governo

A partir de hoje a Polícia Civil do Estado de São Paulo está em greve. A paralisação, assim como aquela que ocorreu no último dia 13 de agosto, é resultado da falta de acordo entre governo e sindicatos representantes das categorias de policiais civis sobre melhorias salariais.

A retomada do movimento grevista foi decidida na sexta-feira (12) na sede da ADPESP (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), após reunião do comando de greve.

Em Mogi Mirim, a paralisação tem 100% de adesão. Delegacia sede, os três distritos policiais, DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) estão com a maioria das atividades suspensas até segunda ordem.

Os 25 funcionários do quadro da Polícia Civil local, incluindo os quatro delegados, já cruzaram os braços.

A greve retomada hoje segue uma cartilha orientativa sobre como proceder em caso de ocorrências policiais. Em todo o Estado, as delegacias que optarem pela adesão ao movimento, vão trabalhar no máximo, com 30% do efetivo.

A determinação do comando de greve é para que apenas sejam feitos os serviços relacionados a prisões em flagrante, desaparecimento de pessoa e crimes contra a vida, como homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte), seguidos da remoção dos cadáveres.

Cumprimento de mandados de prisão, de busca e apreensão e escoltas, por exemplo, estão suspensos, assim como os serviços da DDM e registro de boletins de ocorrência de menor gravidade. Até mesmo o registro de furto e roubo de veículos – que na última paralisação estavam sendo feitos normalmente – estão suspensos. Neste caso, a vítima deve efetuar o registro da ocorrência eletronicamente pelo site da Secretaria de Segurança Pública (www.ssp.sp.gov.br).

“Não gostaríamos de prejudicar a população, mas a greve é necessária. Só assim, talvez o governo se sensibilize com a nossa situação precária. Além da falta de funcionários estamos sem aumento salarial há 12 anos. Quando entrei para a polícia eu ganhava o equivalente a 11 salários mínimos. Atualmente, ganho o equivalente a quatro salários, tamanha a defasagem”, argumentou um policial civil de Mogi Mirim que preferiu não se identificar.

Os mesmos argumentos são utilizados pelo presidente do sindicato dos policiais civis de Campinas e região, Aparecido Lima de Carvalho, para explicar a decisão de retomada da greve a partir de hoje.

“Há sete meses estamos negociando com o governo sem nenhum resultado prático. O que estamos pleiteando é a reposição salarial dos últimos cinco anos, acompanhada de melhorias das condições de trabalho, já que nossa defasagem salarial chega a 60%. Mas, o governo resiste em nos atender e insiste em dar aumento de apenas 7,5% só para o ano que vem, o que é um absurdo. Já que não fomos atendidos, nossa única forma de pressionar é retomando a greve, por tempo indeterminado”, salientou Carvalho.

Nenhum comentário: